22/10/2019


REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Em guerra por fundo partidário, PSL de Bolsonaro se une para votar PEC da Previdência

Apesar da crise e acusações mútuas, que passam por um presidente chamado de "vagabundo", Senado tentará votar maior supressão de direitos previdenciários da história

Nos últimos dias, o Brasil assistiu a uma briga escancarada e, para muitos, implosiva entre deputados, senadores e lideranças partidárias do PSL, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus filhos, todos eleitos por esta mesma sigla. Mas há algo que também está prestes a ser ‘explodido’ que tem os mesmos personagens entre os seus protagonistas: os direitos previdenciários contidos na Constituição Federal.

Com quatro senadores e 51 deputados federais, o partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, é decisivo para a aprovação da "reforma" da Previdência Social – apontada por estudos acadêmicos como a pior proposta da história do país em termos de eliminação de direitos da aposentadoria para a classe trabalhadora.

O governo tentará votar a proposta em segundo turno no Plenário do Senado Federal nesta terça-feira (22), apesar da crise interna no partido do governo – cujo motor é a disputa pelo fundo partidário, uma bolada estimada em R$ 110 milhões, que caberá ano PSL em decorrência do aumento de suas bancadas parlamentares. Na avaliação do assessor parlamentar Thiago Queiroz, apesar da crise, a tendência é que o Senado vote a proposta na noite desta terça-feira (22). Thiago integra a assessoria que presta serviços à Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MUP). Servidores do Judiciário Federal e do MPU devem participar da mobilização em torno dos parlamentares, em Brasília, contra a reforma, em mais uma caravana do Sintrajud à capital federal.

Nesta guerra interna entre os governistas, o presidente da República agiu nos bastidores para colocar o filho, o deputado federal e candidato a embaixador nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como líder da bancada do partido na Câmara. Houve desqualificações mútuas e públicas. Ao ponto de Eduardo Bolsonaro ter postado imagem nas redes sociais de uma nota de 3 reais com o rosto da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) estampada. O filho do presidente chamou de falsa a até então líder do governo no Congresso Nacional. Ela foi uma das principais articuladoras da aprovação da reforma da Previdência, que afetará, para pior, a vida de praticamente todos os brasileiros que trabalham ou dependem de alguém que trabalhe e contribui para a Previdência Social.

Já o até pouco tempo líder do partido na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), disse a aliados que o presidente Bolsonaro é um “vagabundo”. O áudio desta afirmação foi gravado e ‘vazou’. Também vazou a conversa de Bolsonaro afirmando que ligaria para os deputados para beneficiar o filho - áudio que teve a autenticidade reconhecida pelo próprio presidente. Foi Bolsonaro, um capitão do Exército aposentado desde os 33 anos de idade, que enviou a proposta de reforma da Previdência Social (PEC-6) ao Congresso Nacional em fevereiro deste ano.  O Delegado Waldir foi também um dos articuladores da aprovação da proposta de emenda constitucional na Câmara.

É neste clima – no qual os próprios partidários do governo lavam em público a roupa-suja e mutuamente se acusam de falsos, vagabundos e fraudes - que os senadores da República pretendem votar a maior subtração de direitos previdenciários da classe trabalhadora já realizada no Brasil.

 

 

 

 



Hélcio Duarte Filho