As terminologias LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) englobam um conjunto de alterações no sistema musculo-esquelético devido às sobrecargas sofridas ao longo do tempo. São comuns as Tenossinovites, tendinites, epicondilites, bursites, miosites além das sindromes do túnel do carpo, cervicobraquial e do desfiladeiro toráxico.
São sintomas destas enfermidades: dores, alterações no sistema modulador da dor, dormência, sensação de peso, fadiga ou sensações de calor, frio, formigamento ou pressão, sem que haja nenhum estímulo. No começo do adoecimento, os sintomas são suportáveis, como sensações de peso ou dores ocasionais. Na medida em que a doença avança, entretanto, os sintomas se agravam, como dor crônica e movimentos involuntários, tornando impossível a realização de tarefas simples. (veja quadro no final deste texto)
O tratamento fica mais difícil na medida em que a doença avança, por isso, é importante que os trabalhadores estejam atentos para buscar ajuda médica. Diagnosticar a LER/DORT com antecedência e iniciar rapidamente o tratamento é muito importante.
Os fatores que contribuem ao desenvolvimento da LER/DORT são diversos. Alguns deles acontecem no Judiciário. Por exemplo: exigência de movimentos repetitivos, alta carga de trabalho, intenso ritmo de trabalho, pouca autonomia para decidir a forma e momento de realização das tarefas, fragmentação do trabalho, pressão por produtividade, exigência de prolongamento de jornada de trabalho com frequência, tensionamentos gerados pelo processo de trabalho, competitividade, ausência de perspectiva de carreira, remuneração insuficiente, medo de perda do cargo e/ ou função, entre outros.
Não é surpresa, então, que a LER/DORT seja um tipo de adoecimento bastante comum na categoria. Pesquisa realizada pelo Sintrajud em 2007 mostra que 25% dos trabalhadores tiveram, ou tinham, no momento da pesquisa, alguma LER/DORT.
Pesquisas apontam que o trabalhador que sofre de LER/DORT esconde o seu adoecimento. Isso ocorre principalmente por medo de perseguição dos superiores e até mesmo pela posição adotada por colegas frente a tais situações. É comum que o indivíduo trabalhe doente, suportando os sintomas até o limite. Mas este comportamento só dificulta o diagnóstico em tempo hábil e um tratamento que possa reverter o desgaste do organismo.
A pesquisadora Terezinha Martins aponta que um dos perfis com maior possibilidade de ser alvo de assédio moral é o trabalhador que adoece por causa do trabalho. Principalmente aquele que sofre de LER/DORT. Diz ela que a presença dele no local de trabalho faz os outros trabalhadores perceberem que a alta carga de trabalho adoece, o que diminui a produtividade.
Também há dificuldade em comprovar a relação entre a lesão e o trabalho, o que causa mais sofrimento. Por vezes, colegas e familiares acham que o adoecido estaria inventando as dores que sente. Todo este processo é muito sofrido para o trabalhador, que de forma geral tem o reconhecimento pelo seu trabalho como um elemento de grande importância na construção de sua identidade e auto-estima.
O tratamento das LER/ DORT demanda uma atuação multiprofissional, envolvendo diversas áreas da saúde, incluindo acompanhamento psicológico. Há profissionais altamente capacitados para lidar com as doenças relacionadas ao trabalho e podem ser de grande valia para os trabalhadores adoecidos. Vale citar o Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital das Clínicas da USP e os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador. O encaminhamento a estes serviços pode ser realizado pelo Sintrajud através do serviço de atendimento psicológico com foco em saúde do trabalhador.
Para combater esses adoecimentos na categoria é necessário um conjunto de ações, entre elas a atenção dos trabalhadores à própria saúde e a de seus colegas. Ao sentir os primeiros sintomas, procure um médico. Além disso, é necessário difundir as informações sobre a LER/ DORT entre os trabalhadores, visando acabar com as perseguições e assédio moral, assim como julgamentos equivocados e até ofensivos pelos colegas.
Apesar da importância dessas medidas, a principal ação para mudança e combate às LER/DORT é coletiva. Deve ser a luta por mudanças na forma de organização do trabalho: adequando o mobiliário, alternando tarefas, evitando tarefas fragmentadas, aumentando a autonomia frente ao trabalho, valorizando os trabalhadores, instituindo programas de ginástica laboral, instituindo pausas no trabalho, entre outras medidas.
Somente a ação sobre fatores da organização do trabalho que levam à ocorrência destes adoecimentos poderá combater o assédio moral e para isso é crucial a participação e envolvimento dos trabalhadores.
Fique atento aos primeiros sintomas, para evitar o agravamento do quadro!
OS ESTÁGIOS DA LER/DORT PODEM SER AVALIADOS DE ACORDO COM O GRAU:
GRAU 1: Sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor no local, com pontadas ocasionais durante a jornada de trabalho, que não interferem na produtividade. A dor melhora com o repouso. O prognóstico de tratamento é bom.
GRAU 2: Dor mais persistente, mais intensa e aparece durante a jornada de trabalho. É tolerável, permite o desempenho da atividade e pode vir acompanha- da de formigamento e calor. O prognóstico ainda é favorável.
GRAU 3: A dor torna-se mais forte e tem irradiação mais definida. O repouso não a faz desaparecer por completo. A dor aparece mais à noite. Há queda na produtividade e impossibilidade de executar a função. O inchaço é freqüente, apalpar ou movimentar o local causa dor forte. O retorno ao trabalho nesta fase é problemático.
GRAU 4: Dor forte, contínua, levando a um intenso sofrimento. Perda de força e controle dos movimentos é constante. Os atos do cotidiano são prejudica- dos. Há incapacidade para o trabalho. São comuns as alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia. Em geral este quadro leva à invalidez permanente.